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13 de Maio: não há muito o que comemorar

13 de Maio é a data na qual oficialmente se comemora o dia da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel. Porém, não há muito o que comemorar se conhecermos minimamente os dados sobre o racismo existente na sociedade brasileira em toda a sua história.

A Chacina de Jacarezinho, as balas perdidas que, em geral, encontram um corpo negro, e histórias como as de João Alberto Silveira Freitas – o homem negro que foi espancado até a morte no estacionamento do Supermercado Carrefour -, são casos de graves de crimes raciais, mas que são naturalizados pelos brasileiros e são abstraídos do contexto do racismo estrutural.

Além das agressões físicas, a população negra sofre com o racismo na forma de desemprego e falta de renda. De acordo com o IBGE, os índices de desemprego entre negros é 71% maior do que entre brancos. ([i])

A população negra é também a maioria dentre os moradores de favelas e de moradias precárias. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que ainda é perceptível a diferença entre negros e brancos, especialmente no que diz respeito aos domicílios localizados em assentamentos subnormais, ou seja, favelas e assemelhados. Tais locais em que se verifica a falta de serviços essenciais como saneamento básico, saúde, lazer e cultura, etc, são mais habitados pelos negros. ([ii])

Quando empregados, negros e negras são maioria entre os empregos mais pesados ou que exigem pouca qualificação. ([iii])

Nesse quadro atual de grave crise sanitária decorrente da Covid19, muitos estudos já apontam que morrem 40% mais negros que brancos por coronavírus no Brasil. Pretos e pardos representam 57% dos mortos pela doença, enquanto brancos são 41%; chance de um negro morrer por coronavírus é 38% maior do que a de um branco. ([iv])

O racismo tem um impacto forte e direto na saúde. A pandemia da Covid19 escancarou, dentre outras tragédias, o racismo e a hipocrisia de uma sociedade que tenta esconder suas chagas, mas que agora, através da realidade fática e de estudos, ficam evidentes.

O discurso e as práticas de ódio e supremacia racial, embora disfarçados, sempre foram presentes no Brasil, mas se acentuaram a partir do processo eleitoral de 2018, misturando-se a narrativas negacionistas da ciência e do respeito à diversidade.

O Sindilex realizou um evento com a presença do Professor Sílvio Almeida, em que ele tratou dos temas de seu livro “Racismo Estrutural” de forma brilhante. Importante acessar para entender as reflexões acerca da raça e do racismo, englobando aspectos históricos, políticos e sociais. ([v])

A história nos impõe refletir sobre os mecanismos que sustentam e promovem o racismo. Que esse dia 13 de maio sirva para essa reflexão e luta tão importantes para superarmos essa chaga que macula a sociedade e faz tantas vítimas de ódio e preconceito.

 


([i]) Valor Econômico de 28/08/2020 – https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/08/28/desemprego-entre-negros-e-71percent-maior-do-que-entre-brancos-mostra-ibge.ghtml

([ii]) Agência Brasil:  https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2008-12-16/negros-sao-maioria-nas-favelas-segundo-estudo-do-ipea

([iii]) Caderno Economia do G1: https://g1.globo.com/economia/noticia/brancos-sao-maioria-em-empregos-de-elite-e-negros-ocupam-vagas-sem-qualificacao.ghtml

([iv]) CNNBrasil: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/06/05/negros-morrem-40-mais-que-brancos-por-coronavirus-no-brasil

([v]) link para acesso ao evento Racismo Estrutural: https://www.sindilex.org.br/racismo-estrutural-a-luta-contra-o-racismo-e-a-raiz-da-liberdade/

 

Sônia Alves
Presidente do Sindilex

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