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NOTA DE REPÚDIO

O Ministro da Economia, senhor Paulo Guedes, referiu-se aos servidores públicos de todo país de maneira desrespeitosa, chamando-os de parasitas em evento realizado na Fundação Getúlio Vargas, quando defendia a Reforma Administrativa[1].

Mesmo sendo público e notório que o mínimo de postura, educação e convivência civilizada não seja a marca da atual gestão – que tem em seu mais alto posto um defensor de torturadores -, aos servidores de todo o país se impõe a tarefa de responder a tal insulto.

Trata-se de pronunciamento leviano e carregado de ódio contra os trabalhadores que prestam serviços essenciais à população brasileira nas áreas da saúde, educação, assistência social, segurança pública, dentre outras. São professores, médicos, bombeiros, enfermeiros e fiscais, além de outros profissionais sérios e gabaritados, ofendidos por um representante do sistema financeiro, que tem colocado o governo brasileiro no suporte aos interesses das grandes corporações.

Sabe-se que a idealização do falido sistema de aposentadoria do Chile, responsável pelos altos índices de suicídio de idosos chilenos, pela total pauperização desse segmento populacional e que está sendo alvo de protestos massivos, contou com a participação ativa de Paulo Guedes.

No Brasil, basicamente tentou copiar o projeto chileno na sua totalidade sem sucesso, muito embora a Emenda Constitucional da Reforma da Previdência (EC 103/2019) esteja repleta de artigos que retiram direitos fundamentais e jogam na conta dos bancos os créditos fantásticos dessa troca de modelo previdenciário.

Além de ofender, o senhor Ministro responsabiliza os servidores pela quebra do Estado brasileiro, corroborando as atitudes desse governo pautado pelas fake news . Na verdade, o Estado brasileiro deixou de arrecadar R$ 345 bilhões aos cofres públicos devido à sonegação fiscal no ano de 2018[2], valor superior ao orçamento da saúde (R$ 122 bilhões), educação (R$ 115 bilhões), assistência social (R$ 89 bilhões) e da segurança pública (R$ 13 bilhões) somados. Isso sem mencionar a dívida pública que suga mais de 40% do PIB brasileiro e que nunca foi auditada[3].

Os servidores públicos da Câmara Municipal de São Paulo e do Tribunal de Contas do Município de São Paulo repudiam com veemência as palavras do senhor Ministro e não conseguem fazer a conexão do desrespeitoso pronunciamento com o seu passado, eis que Guedes é filho de servidora pública, estudou em Colégio Militar de Belo Horizonte (público), graduou-se em Economia pela UFMG (pública) e ingressou no Departamento de Economia da Universidade de Chicago a partir de bolsa adquirida pelo CNPq, que também é público.

Vale lembrar, portanto, que o senhor Ministro só alcançou altos postos em sua vida profissional graças aos serviços públicos. Não nos parece a maneira mais adequada de retribuir tais serviços ofendendo os servidores e trabalhando diuturnamente para sucatear o Estado, como tem feito o senhor Paulo Guedes. Deveria, sim, trabalhar para que todos os cidadãos e cidadãs tenham o mesmo acesso que ele teve.

 

¹ https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/02/07/paulo-guedes-compara-servidores-publicos-com-parasitas.ghtml

² https://www.sinprofaz.org.br/noticias/sonegometro-revela-mais-de-r-345-bilhoes-sonegados-so-em-2018/

³ https://auditoriacidada.org.br/categoria-conteudo/graficos/

 

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