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A bússola desmagnetizada

por Marcos Antônio Silva
(texto publicado na Revista Unesp)

Para que serve uma bússola incapaz de apontar o norte? Para nada. Nessa condição se presta, inclusive, para aumentar o risco de desorientação. Uma bússola tem em si uma posição de confiança. Todos que olham para ela creem que como instrumento de orientação será capaz de cumprir os seus fins, afinal é esperado que ela aponte para o norte e, assim como a parábola solar, seja uma fonte de certeza.

É triste quando um instrumento crível e confiado como a bússola perde a eficiência, pois que então passa de essencial a inservível.

Um presidente deve liderar – mostrar o norte, ser gregário, ouvir, coordenar, prestigiar o bem, alinhar condutas, falar a verdade, pedir ajuda aos que podem dar e socorrer os hipossuficientes com políticas de inclusão e superação de vulnerabilidades. Se não for para isso, é imprestável, não cumpre a sua missão e ludibria a confiança dos que esperam ser orientados.

Uma bússola há gerações é reconhecida referência tecnológica, uma instituição como equipamento, tal como, para o povo em geral são os lugares de governo. Essa régua se aplica às mais simples, daquelas que são compradas em um bazar, até as mais sofisticadas como as utilizada nos equipamentos aeroespaciais. Do mesmo modo, na mesma razão lógica, vale como o que e quanto esperar do papel de um presidente da república em pequenas ou nas grandes democracias. Importa que como ferramenta ou lugar de representação da vontade popular, incorporem confiança e sejam antídoto contra a incerteza.

No presidencialismo o presidente é a bússola. É o Chefe do Poder Executivo e recebe da Constituição a competência para prestar serviço público e respeitar a institucionalidade. Se estiver desmagnetizado por contaminação ideológica, ignorância genuína ou mesmo por incapacidade cognitiva, é imprestável e, portanto, um risco para a institucionalidade, para a sociedade e a democracia. Precisa ser substituído. Isso não é necessariamente feito com derramamento de sangue.

Uma República tem três poderes. Creio nos freios e contrapesos e, firmemente, que há juízes em Berlim.

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